quarta-feira, março 30, 2005

Sonho em sexteto...

Sei muito bem o que quero,
Sei bem o que de ti espero,
Talvez um dia te volte a ver.
E se tal dia porventura chegar,
Não o irei por certo despediçar,
Dir-te-ei nos olhos o que quero dizer.

Vou fazer-te sentir querida,
O quanto mudaste a minha vida,
Que lhe deste enfim uma direcção.
Seria bom que em mim acreditasses,
No que seria bom que deixasses,
Ter eu a chave do teu coração.

E se algo Superior nos juntou?
Já algum de nós se perguntou?
Lutar contra isso será saudável?
Pode até parecer coisa de meninos,
Mas se passasse a um, os dois destinos,
Não seria bem mais agradável?

Mas levemos tudo com calma,
Revelando ao outro segredos da alma,
Fiquemos serenos, com tranquilidade.
Pode ser que um dia nos juntemos,
No resto dos dias envelhecemos,
Bebendo em êxtase, copos de felicidade!

Que vida...

Vagueio, perdido, sozinho,
Procuro encontrar de novo o caminho,
Que me leve entretanto porque não a esquecer,
Tudo o que tinha antes de começar a sofrer.
Percorro as ruas numa busca vã,
Andarei se for preciso toda a noite até nascer a manhã,
Vejo as caras, os risos, os escárnios,
E finjo que para mim não são dirigidos,
Continuo a andar nesta incessante procura,
Lançam-me pedras, piadas, assobios,
Dizem que com tudo isto roço os limites da loucura,
Entro num beco, talvez sem saída,
Tento matar ali uma e nascer noutra vida.
Procuro dar-lhe a volta iniciá-la de todo,
Mas quanto mais tento mais me enterro no lodo.
Um grito mudo por uma mão amiga, uma ajuda,
Mas de todos os que impávidos assistem,
Não há nenhum que se lance e me acuda.
E ali continuo numa luta brutal
E vejo o passado passar pelos olhos,
Dou comigo então a pensar:
Para quê resistir afinal??
E entrego-me sereno nas mãos hábeis do Criador
E nem uma lágrima por espanto se solta,
Baixinho, apenas lhe peço um favor
Que a vida me leve ou lhe dê uma volta.

terça-feira, março 29, 2005

Letra a Letra: Um nome lindo.

Infelizmente, e por motivos alheios à minha vontade, queria postar estas linhas no dia em que o falecimento da minha maior amiga fazia um ano.
Nesse dia, "falei" com ela e prometi-lhe o que vão ler nas linhas seguintes, com um pedido de desculpas pelo atraso.


Ainda não digeri a tua partida,
Talvez não queira até perceber,
Que esta é a Lei da Vida,
Que findou o que te fazia sofrer.

Assisti "in loco" àquelas horas más,
O teu sofrimento, aquele inferno,
Tudo isso agora ficou para trás,
Encontraste por fim Descanso Eterno.

No mesmo dia em que partiste,
Numa luta imensa que querias ganhar,
Enquanto te afagava o cabelo, os olhos abriste,
Como se me reconhecesses e quisesses falar.

Mas a traiçoeira Morte não acedeu ao que pedias,
Ao percebê-lo pensei então para comigo,
Fitei-te nos olhos, sorri pois sei o que dirias:
Embora partisses, no coração iria contigo!

Enfrentaste-a sem soltar um só ai,
De frente, com a maior de toda a coragem,
Com a poesia que herdei do teu pai,
Com caneta, papel e amor te presto Homenagem.

São nove as letras de um nome lindo,
Dizê-lo sem chorar tanto me custa,
Mas espero que quando o der por findo,
A mensagem que passe seja a mais justa.

Começa o teu nome num E de esperança,
E embora não seja letra primeira do alfabeto,
Terás sempre para mim a liderança,
Na amizade, no Amor, na Bondade, no afecto.

A letra depois dessa é um S,
De simplicidade, serenidade, simpatia,
Seria tão bom se eu pudesse,
Adiar sempre tão triste dia.

A seguir é o M, de Miguel,
E sinto na garganta apertar um nó,
Mas fui eu quem te entregou esse novo papel,
Que te deu tanta alegria, fazer de ti avó.

E outro E, vem novamente,
Perfilar-se após, como que em sentido,
E no meio de tanta gente,
Tive sorte, fui o teu menino querido.

O R, de tantas e inúteis ralações,
No meio do nome se veio intrometer,
Acabava com essas tristes recordações,
Se pudesse hoje o tempo retroceder.

O A, corre e grita que é primeiro no Amor,
Coloco-o no nome sem que ele se esquive,
E lembro os afagos, o carinho, o calor,
Dos teus braços, do teu colo, o melhor que sempre tive.

O L, de Luís, cá estou eu outra vez,
De Linda, Lutadora, até no fim da vida,
Revi na memória tudo o que a gente fez,
Desde o começo até à nossa despedida.

D, de desculpa se não fui o mais perfeito,
Mas nunca te quis magoar ou fazer mal,
E fica uma ferida aberta a doer no meu peito,
A morte levou-te, espetando-me no coração o seu punhal.

O último A chegou, este o do Adeus,
O teu nome está completo por fim,
Que saibas que amarei os filhos e netos meus,
Como tu, minha querida, me amaste a mim.

E quem porventura estas palavras ouvir ou ler,
Lamentará como eu a tua partida, tua morte,
Terá algo decerto também para te agradecer,
Eu, só por teres sido a minha avó, fui abençoado pela sorte.

Com um beijo de despedida, o último pedido meu,
Mesmo sabendo que já nos deixaste,
Toma conta de nós todos aí do Céu,
Da mesma forma que na Terra cuidaste.

sábado, março 26, 2005

Mais te faria...se pudesse

Que temos hoje? O nada é certo,
Tristeza ou transbordamos felicidade?
Se de repente o longe ficasse perto,
Perderíamos tal oportunidade?

Os ponteiros do tempo correm devagar,
Massacrando incessantes a minha mente,
Mas não duvides que se os pudesse recuar,
Talvez tudo tivesse sido tão diferente.

Teria aproveitado melhor cada momento,
Disfrutado de ti cada minuto, segundo,
Divulgar o que move este sentimento,
Dar-te o Mar, o Sol, a Lua, o Mundo.

Se tivesses frio, acenderia em mim lume,
Transformava este turbilhão em calor,
Saborear com os sentidos o teu perfume,
Provar dos lábios, o mel, o teu sabor.

Levava-te ao meu esconderijo secreto,
A ver os três elementos, quadro tão belo,
Deixava o meu intimo por ti ser descoberto,
Enquanto devagar te afagava o cabelo.

Sentava-te no topo da minha mesa,
Banqueteava-te como a uma raínha,
Hoje ainda não o sei com certeza,
Mas um dia talvez sejas (ou não) minha.

Deitava-te em lençóis de seda ou cetim,
Soltando o desejo, que sei que senti,
E enquanto me descobrias a mim,
Descobria-me eu também em ti.

Faria tudo aquilo que desejasses,
Cobrir o teu chão com pétalas de rosa,
Ai o que eu faria se me deixasses,
Provar o néctar teu com minha boca sequiosa.

Cada milímetro do teu corpo conhecer,
Percorrê-lo suavemente com as mãos,
Partilhando a noite, ver o dia nascer,
Os dias eternos, nunca seriam vãos.

Podemos ter tudo ou não ter nada,
Até lá, na espera, sereno vou aguardar,
Sabê-lo-ei no dia da tua chegada,
Se és o que encontrei sem procurar.

sexta-feira, março 25, 2005

Spiritus Geminus???

Será melhor irmos com calma?
Mesmo com a imaginação a 200?
Talvez consiga ler-te a alma,
De adivinhar sem saber os pensamentos.

E seremos iguais, não tão opostos,
Saber no silêncio o que temos comum,
Afastados partilhando os mesmos gostos,
Sem dizer, saber qual é o número um.

Da Serra ver o mar sem lá ter ido,
Fechando os olhos ver o que tu vias,
Não sei explicar-to fazendo sentido,
Conheci-te poucas horas, tão poucos dias.

Talvez mesmo assim não estando perto,
Escrevendo aqui as palavras minhas,
Serás para mim um livro aberto?
Sem o abrir, consigo ler as suas linhas.

Ao dizer tudo isto sentes-te exposta,
Um arrepio ligeiro percorre a espinha,
Com as palavras sinceras de quem gosta,
Mesmo sabendo que é dificil seres minha.

Mas isso também a mim me assusta,
Acelera-me, ofegante a respiração,
Mas o que ainda mais me custa,
Não te ter aqui, pegar-te na mão.

Mas não temas, que eu não mordo,
E mesmo que a esperança se torne vã,
Pensarei sempre em ti quando acordo,
Imagem primeira,(tão boa) pela manhã.

O futuro, nem tu ou eu, ninguém o sabe,
E haverão palavras que nunca te direi,
A maneira como quero que tudo acabe,
No intimo profundo, tu sabes, eu sei!

Serão as Almas Gémeas uma teoria?
Serão lenda, conto ou realidade?
Pode ser que venha célere o dia,
Em que o Spiritus Geminus seja verdade.

quinta-feira, março 24, 2005

O Fruto Proibido

Pudesse eu estar agora contigo,
Seria bom que fosse fácil assim,
Teus braços o meu porto de abrigo,
Em dias que não tivessem nunca fim.

Revelar-te todos os meus desejos,
Afastar de ti quaisquer medos,
Afagar-te o cabelo, encher-te de beijos,
Guardar sem contar os teus segredos.

E se necessário for, montanhas movia,
Para te falar ou apenas a voz meiga ouvir,
Quem me dera ver-te mais um dia,
Dizer-te baixinho o que me fizeste sentir.

Tocar no teu corpo, pegar a tua mão,
Levá-la a sentir dentro meu peito,
O bater descompassado do coração,
Levar-te depois ao colo para o leito.

Ao acordar de manhã e ver-te deitada,
Sentir o "quentinho" que vinha desse lado,
Perceber que na noite agora adiada,
Fora real, eu não a tinha sonhado.

E se por "azar" nos afastássemos,
Nem que por um simples segundo fosse,
Bastava que apenas pensássemos,
Que o que tínhamos era mais doce.

Mas enquanto tal doçura não provamos,
E este sonho se vive na mente acordado,
Um dia pode ser que adormeçamos,
E acordemos juntos, lado a lado.

E quando nos voltássemos a ver,
Que bastassem os olhos falarem,
Que nada fosse então preciso dizer,
Para os corações se tocarem.

Mas és um fruto lindo e tão proibido
A maçã, que eu Adão, queria morder,
Mas que apesar do possamos ter sentido,
Talvez nunca venha tal a acontecer.

E por ser tão remota a possibilidade,
De ser como quero ver isto acabar,
Lembro teu sorriso, dá-me liberdade,
O não já tenho, o sim... talvez sonhar.

Who knows??? I don't!!!

segunda-feira, março 21, 2005

Este mar enorme...

Hoje fui ver o mar porque me acalma,
Sentado nas dunas, olhei a sua imensidão,
Ouvir a fúria das ondas, serena-me a alma,
Com o salgado da água, lavo as feridas do coração.

Vejo a vaga mais forte, espraiar,
Morrer na areia, sem alarido,
Ou a mais pequena derrubar,
Quem passa mais distraído.

Avisto no Céu as gaivotas voando,
Sem norte, todas juntas ao monte,
Os meus olhos agitados vão descansando,
Quando os fixo lá longe, no horizonte.

E chegam os barcos dos bravos pescadores,
As pessoas reúnem-se à roda no areal,
E no mar rebelde afogo as minhas dores,
Ponho à deriva o que cá dentro me faz mal.

E mergulho sem sair daqui no mar profundo,
Enquanto o barco vinca a areia com a quilha,
Fecho os olhos e isolo-me deste Mundo,
Faço de mim fortaleza, a minha secreta ilha.

Defendo-a dos ataques e qualquer investida,
Bato-me feroz, destemido e com coragem,
Quem dera que o que de mau há na vida,
Não fosse mais do que uma triste miragem.

O Sol, vai agora descendo lentamente,
Fundindo-se em laranja fogo no oceano,
Percorro os cantinhos recônditos da mente,
Tento encontrar em mim um sinal humano.

A Lua vai subindo trazendo de prata um brilho,
E o mar acalma-se, enamorando-se dela agora,
E eu ao vê-los assim, encontro o meu trilho,
Mais calmo, sem ruído, afasto-me e vou embora.

Mas sei que posso sempre aqui voltar,
E consultar sem falar estes dois sábios,
Sentar-me a olhá-los e depois voar,
Para junto de ti, para os teus lábios.

Luis Miguel Branco

quarta-feira, março 16, 2005

Direito ao Contraditório

Sendo eu um apaixonado pelo Direito, não fazia sentido que tudo o que faça não seja enquadrado dentro da questão jurídica, logo seria errado ter um local onde possa dizer o que penso, sobre o que quer que seja ou quem quer que seja, sem ter no mesmo local e conforme determina a lei, um espaço exclusivo e dedicado ao exercício do contraditório.
E o que é o contraditório???
Conforme devem estar recordados, num passado recente, Marcelo Rebelo de Sousa, foi "despedido" de comentador da TVI, porque exercia críticas sem que o criticado se pudesse defender, não existindo assim espaço para o contraditório. Isto é, o contraditório, não é mais do que o rebater de ideias contrárias para melhor esclarecimento da opinião de quem assiste à discussão dessas mesmas ideias.
Mas, essas ideias devem ser defendidas com bons argumentos e não apenas no exercício da crítica vã, gratuita e desprovida de sentido. Devem sempre basear-se em argumentos fortes, bem construídos e essencialmente sem o receio de os defender. Isto quer dizer, que se estamos convictos da nossa posição, devemos sempre dar a cara por eles e nunca nos refugiarmos em actos e discursos, camuflados por anonimato e pseudónimos.
Criando neste blog um espaço em que qualquer pessoa possa comentar o que está escrito, fazendo uso do direito que lhe está consagrado no contraditório, peço humildemente a todos os que comentam os posts que caso não queiram deixar visivel no blog, podem mandar o coment para o e-mail que surge na introdução deste mesmo blog.
Portanto, apelo a todos os que se colocaram voluntariamente do outro lado da barricada e que dizem que a outra parte não se pode defender, que com o contributo ou não da outra parte, exponham aqui os factos que realmente e sem falsidades aconteceram para o estupido acontecimento, identificando-se e sem nada temerem.
Não acredito que tenham essa coragem, mas já acredito em muita coisa que até há bem pouco tempo me levava ao cepticismo...
E já agora se quiserem deixar um beijinho no fim não se esqueçam do asterisco logo a seguir, ok???

Atenciosamente

Luis Branco

terça-feira, março 15, 2005

Esclarecimento

Cabe-me informar todos os meus leitores o seguinte:
  1. Não uso o meu "blog", para denegrir a imagem de ninguém, de instituições ou para dizer mal seja do que for, porque tais actos, são contrários aos meus principios e valores morais, incutidos em mim enquanto criança pelos meus pais, que sempre valorizo e ponho à frente de qualquer das minhas atitudes.
  2. Exceptuando os textos em prosa e que se destinam fundamentalmente a descontrair e a poder sorrir com a minha imaginação, tudo o resto é veridico, relatando acontecimentos recentes dos quais descorreram e originaram a ruptura do meu casamento.
  3. Os poemas passados, presentes ou do futuro que afixarei neste "blog", apenas servem para ir revelando a quem me lê, o estado de espirito em que me encontrava na altura em que os escrevi, não pretendendo de forma alguma justificar coisa nenhuma, nem servir de pretexto para algo mais que não isso mesmo.
  4. Não uso o meu "blog" para dizer mal de pessoas em concreto, nem de sitíos em particular, apenas generalizo nos textos mais antigos, situações e atitudes que normalmente se passam e às quais eu acho piada.
  5. Sempre que visito outros "blogs" e acho necessidade de comentar seja qual for o "post" lá afixado, identifico-me, digo o que tenho necessidade de dizer, porque o faço de consciência tranquila e sem receio de nada, sendo talvez por isso que não gosto que me apareçam "comments" anónimos aos quais gostaria de poder responder com toda a cordialidade e respeito que merece quem me lê.
  6. Estranho aliás, que apesar de escrever desde sempre, mas que só apartir de Junho de 2004 tenha criado este "blog" e que muito pouca visita e comentários tinha, tenha sido preciso este estúpido acontecimento para que este "blog", passasse a ter cerca de 300 visitas diárias e cerca de 3 commentes por dia. Felizmente para mim, (que muitos me tomam por aquilo que realmente não sou), fica registado um log no meu servidor com o IP do comentador, quer seja ele anónimo ou não.
  7. Agradecia sinceramente que postassem tudo o que quisessem e que acham que realmente possa contribuir para o engrandecimento deste "blog", mas identifiquem-se. Eu já atrás mencionei que o faço sempre, pois não temo qualquer que seja a resposta. Apartir de hoje, qualquer que seja o "comment" não identificado, será apagado, pois apesar de ser um democrata e viver num país onde a liberdade de expressão é uma liberdade adquirida após o 25 de Abril, exercerei contudo o meu direito de ter no meu "blog", apenas o que não for ofensivo e identificado.

Sendo assim, e mais uma vez incentivando os anónimos e outros que se escondem atrás de pseudónimos a continuarem a comentar desde que se identifiquem, agradecido me subscrevo, (para os que só sabem construir frases com onomatopeias e interjeições e/ou abreviaturas, quer dizer assino por baixo, ok?),

Luis Branco

domingo, março 13, 2005

Três Bons Amigos

Não era preciso tanto eu sofrer,
Para ter qualquer confirmação,
Nem precisava de nada para saber,
Que tenho amigos do coração.

E seja que hora for do dia,
Estejam eles onde estiverem,
Na tristeza profunda ou na alegria,
Dão deles tudo quanto puderem.

A nossa amizade fiel, incondicional,
Não é preciso falar, pedir ou entender,
Quando um de nós está a passar mal,
Os outros estão também com ele a sofrer.

Entre nós, tudo dedicado e fraterno,
Nada fará com que a gente se zangue,
A nossa amizade será "ad eternum",
São os dois como do meu próprio sangue.

A vossa, é também a minha felicidade,
Seremos amigos até sermos velhos,
Honra-me ter a vossa amizade,
Aceito todos os vossos conselhos.

E quando o Vosso filho nascer,
Que Deus isso realidade tornasse,
Acreditem que o vou receber,
Como se de um meu se tratasse.

Farei como se fosse um Rei Mago,
Levarei prendas, carinho, Amor,
Porque da memória eu não apago,
Dois amigos que tenho, do melhor.

Por isso quando se instala a solidão,
E me come por dentro, bicho alarve,
Lembro os meus amigos do coração,
Esses dois que estão lá no Algarve.

quinta-feira, março 10, 2005

Coisas do Passado III

Passam carros, motas, pessoas,
Casais de mão dada, felizes,
Esvoaçam pássaros, cruzando o Céu.
A noite cai rapidamente,
As luzes apagam-se nnos prédios,
Os autocarros apitam impacientes,
As luzes dos carros, formam um traço só,
As ruas a pouco e pouco mais vazias,
E a chuva toma conta da cidade,
A melancolia instala-se voraz,
A ideia tira-me daqui e leva-me,
Para perto de ti, onde estás.
Transporta-me para longe donde estou,
Corro, nado e às vezes até voo,
Subo montes, desço os vales, atravesso os rios.
Furo as nuvens desta noite fria e cinzenta,
Fecho os olhos, liberto o pensamento,
E estou logo ao pé de ti nesse momento.
E o Amor vai subindo qual balão,
E acaba sempre no mesmo sítio,
Em casa, contigo.
Os dois sozinhos, amando, sorrindo.
E nesses momentos tão fugazes,
Em que sozinho te escrevo,
É que vejo a falta que me fazes.

Escrito em 13- 8 - 2004

quarta-feira, março 09, 2005

Coisas do Passado II

Para quê escrever???

Bastava olhar-te nos olhos e falar,
Mas não consigo, falta-me a coragem,
Então com a caneta, fecho os olhos,
Dou início à corrida, o início da viagem.

Quero dizer-te tudo, não digo nada,
Escrevo o que cá vai correndo nas veias,
Às vezes com a embalagem trocada,
Quero dizer coisas bonitas, fazendo caras feias.

Ficas na dúvida, se calhar arrependida,
A pensar se devias ter feito o oposto,
Mas a única certeza que tenho na vida,
É que és no Mundo a mulher que mais gosto.

A tua cara de anjo, teu corpo de mulher,
As palavras quentes, o teu olhar terno,
Um só beijo teu faz-me aquecer,
Na noite mais fria de qualquer Inverno.

E nas noites em que tarde chego à cama,
Fico tempos a fio vendo-te dormir,
Por tudo isto este Homem tanto te ama,
Não querendo nunca de perto de ti sair.

Escrito em 20 - 7 - 2004

Coisas do passado I

E passou mais um dia,
Aqui estive a ver o tempo passar.
O dia foi-se e caiu a noite,
Estive contigo sem sair do lugar.

Sentado a olhar, um livro para ler,
Sem me mexer, fica o corpo dormente,
Viro a página, olho as letras sem as ver,
Não são estas frases que me ocupam a mente.

Nem as gotas de chuva que teimam em não cair,
Nem o pobre passarinho que vai limpando a asa,
Me demovem da vontade de daqui fugir,
Para me enroscar em ti, na cama lá em casa.

Olho para todo o lado, no que vai em meu redor,
Cimentos enormes que crescem rasgando os Céus,
Assutam-me e cresce em mim vontade maior,
De me refugiar no regaço, nos braços teus.

Olho o ponteiro que se arrasta muito lento,
Que mais posso eu fazer, se isto é mesmo assim,
Se não ter que aguentar tal tormento,
De estares longe, tão longe de mim.

Escrito em 17 - 4 - 2004

Este e os próximos poemas (ou lá o que são), foram escritos sempre com o mesmo destinatário e entregues em mão pelo próprio à mulher a quem se referem.
Chamando as coisas pelo nome certo, eu escrevi-os sempre que podia e sempre os dei à mulher que mais amei neste Mundo, portanto ela sempre soube quais eram os meus sentimentos por ela.
Embora não fosse pessoa de lhos dizer pessoalmente, deixava-lhe estas linhas que lhe transmitiam o que me ia na alma, por isso mesmo, não foi por falta de saber o que eu sentia, que tudo se acabou.

segunda-feira, março 07, 2005

Aviso à Navegação

Consegui perceber o que queriam de mim,
Usarem e desfazerem-me a própria vida,
Mas tentei tudo para que não fosse assim,
Tanto quanto evitei a sua despedida.

Nada mais era possivel eu fazer,
Para terminar de vez com tal dor,
Tanto tempo demorei a entender,
Que era por outro que tinha Amor.

Assim quis, assim foi feito,
Nem precisava tanto mistério,
E naquela boca eu tinha tanto defeito,
Mas não eu, quem cometeu o adultério.

As desculpas para poder sair com decência,
Não justificam tanto tempo ter mentido,
Atentarem contra a minha inteligência,
Ainda me deixou mais ofendido.

E toda esta experiência dificil e nova,
A encararei como se tratasse de uma luta,
Quiseram da pior maneira pôr-me à prova,
Vou vencê-los a todos, filhos de puta.

E a raiva quando vejo as fotografias,
Ou quando tenho uma simples recordação,
Injecta-me força para enfrentar estes dias,
Faz-me acordar de manhã com uma razão.

E consegui com esforço ficar vivo,
Fazendo da excepção uma regra,
Assumi o vosso unico objectivo,
Fazerem-me a vida ainda mais negra.

E tais actos não irei permitir,
Que tentem mais me prejudicar,
E irei fazer-vos na pele sentir,
A ira, a raiva que vou descarregar.


Não é promessa, aviso ou ameaça,
Podem estar certos que será assim,
Pois o mal que alguém vos faça,
Já mo fizeram vós pior a mim.

E este Homem que não mais vos ama,
Aqui, por certo vos pode afiançar,
Que mesmo quando estiverem na lama,
Nem por isso as armas irei descansar.

E quando os nervos vos incharem,
Não esperem de mim compaixão,
Lembrem que a maneira de me atacarem,
Vil, cruel, ordinária, foi à traição.

E hão-de pedir mesericórdia, piedade,
Aos meus pés vos hei-de ver ajoelhar,
E quando no ataque não sentir necessidade,
Pensarei finalmente em parar.

E notem com clareza o que eu digo,
Já que do vosso lado não me quiseram,
Se me preferiram na linha do inimigo,
Serei ainda pior que o que esperam.

Be aware

domingo, março 06, 2005

Sim, foste tu...

Nem sequer ainda te agradeci,
Teres-me ajudado a resolver tal mistério,
Mas fizeste tal e qual como te pedi,
Naquela manhã fria, no cemitério.

Não sabia a quem mais recorrer,
Que me apontasse a correcta solução,
Lembrei-me que aí do Céu me podias valer,
Para arrumar de vez com a questão.

E fui nessa manhã ter contigo,
Com uma coroa de flores na mão,
Cravado na pedra o teu rosto amigo,
De tão lindo, aqueceu-me logo o coração.

Falei contigo como se ali estivesses,
Pedi para apontares o caminho correcto,
Para fazeres tudo o que pudesses,
Ajudando o teu menino, o teu neto.

E assim foi feito, minha querida
Consegui desvendar o engano,
No dia em que a tua partida,
Fazia exactamente um ano.

E isso mesmo aqui te agradeço,
Por não me teres deixado à sorte,
E mais ainda hoje eu te peço,
Que me ajudes a ser mais forte.

O futuro nas tuas mãos eu pus,
Para que eu entendesse tudo afinal,
E iluminaste-me com a tua luz,
Fizeste-me ver quem me queria mal.

E ajudaste-me à noite a ter calma,
Para que não perdesse a razão,
Ficaste comigo dentro da alma
Eu fui contigo, levaste-me no coração.

E agora tudo sei, eu descobri,
Graças a ti, eu disso fui capaz,
Mas ainda mais eu preciso de ti
Que me ilumines e me dês paz.

As lágrimas que no teu túmulo deixei,
As choraste comigo aí no alto do Céu,
Procurei-te nesse dia porque sei,
Que o teu rico menino sou eu.

E os que mal me quiseram, inimigos meus,
A Ira Divina que deles não tenha dó,
Peço-te que continues a olhar pelos teus,
E por isso te digo: "OBRIGADO QUERIDA AVÓ!"

sexta-feira, março 04, 2005

Velho lobo do mar

Estás tão longe há tempo demais,
Eu aqui sozinho sem ter noticias tuas
Sem saber sequer onde estás, onde vais
Não te vejo já há tantas luas.

Os erros que cometeste no passado
Fazem parte das voltas da vida,
Por mim, tudo isso sempre foi perdoado,
Menos ter que te ver de novo de partida.

E se os espinhos por outros cravados no meu peito,
Me põe triste, me corroem a felicidade,
Quando perto de mim estiveres, no teu jeito,
As tuas palavras sábias me darão tranquilidade.

E o vento forte que agita o mar,
Ataca o casco, levanta a vante
Ai como eu gostava de estar,
Perto de ti, não tão distante.

A fúria das águas agitadas e bravias,
Fustigam ferozes o navio, quais açoites
Penso em ti ao nascer de todos os dias,
Rezo por ti, ao deitar todas as noites.

E com a coragem única de quem nada teme,
Inspira-me calma e um serenar profundo,
Na minha vida tens a função do leme,
Venceremos juntos os oceanos deste Mundo.

E não mereces tudo o que se está a passar,
Enfrentando a morte, o perigo nos mares,
Se tudo o que quero, acaba por fracassar
Dou sempre tudo de mim, para te orgulhares.

E quando a borrasca se agiganta,
E a espuma das ondas no aço se destrói,
Saberes que tudo em ti me encanta,
Seres hoje ainda assim, o meu herói.

É o teu nome quando aflito eu chamo
Quando o meu mundo se desmorona e cai,
Não há ninguém no Mundo que mais amo,
Que o velho lobo do mar, Tu, meu pai.

quinta-feira, março 03, 2005

O Funeral do Amor!!!

Até que enfim. Eu consegui.
Nem uma só palavra, um sinal,
Não falei ou pensei sequer em ti,
Tu morreste, hoje fui ao funeral.

Não levei umas flores, nem uma coroa,
Porque o velho Miguel contigo enterrei,
Nasceu em mim uma nova pessoa,
O Homem que daqui em diante serei.

Enquanto a terra recebe o teu caixão,
Engole com ela os meus tristes sentimentos,
Deitei para a cova fria aberta no chão
As recordações e os nossos momentos.

E os que tal sorte te choravam,
Me viam tranquilo, olhando de alto,
Por dentro se roíam e perguntavam
Como podia estar impávido, sem sobressalto.

E os que hoje te estão a carpir, se chorarem
Tal desgraça, tão infeliz má sorte
Amanhã serão rápidos a me atacarem,
As suas palavras más tornam-me mais forte.

E perguntam-me como posso estar assim,
Sereno, na hora de tão triste despedida
Se alguma vez tivesses gostado de mim,
Não terias acabado com a vida.

E a chuva gelada que vai caindo,
Ajuda a lavar por dentro o meu coração,
Faz com hoje já vá devagar sorrindo,
Sabendo que para mim morreste em vão.

E o gelo que cai neste Inverno,
E me traz tão aparente calma,
Levar-te-á ao derreter para o Inferno,
Dando descanso à minha alma.

E a erva que irá crescer, será ruim
Nem rosas, nem cravos ou jasmim,
E vai florescer no meu peito um jardim,
Porque o belo e o bonito tenho em mim.

E se agora à distância pensar bem,
Sempre me ocultaste a verdade,
Por isso não se pode chorar quem,
Só nos mente e traz infelicidade.

E nem uma lágrima dos olhos a brotar,
Sem mais tristeza, sem mais sofrer,
Hoje vim trazer-te a enterrar,
Hoje vim sobretudo para te agradecer.

E os enlutados por ti hão-de estranhar,
Que alegria rejubila dentro de mim,
Por não ter que continuar a amar,
Quem nunca me amou a mim.

Por tudo isso não choro e sorrio,
Felizmente que tudo agora acabou,
Na vida foste aquilo que se viu,
Em mim, nem o teu nome ficou.

E desta maneira firme eu acabo,
Sem ficar com pensamentos teus,
Quando agora estiveres com o Diabo,
Manda-lhe cumprimentos meus.

RIP

terça-feira, março 01, 2005

O Fim Anunciado

Quem me dera poder agora acordar
Olhar e ver-te aqui ao meu lado
Perceber que tudo o que se está a passar,
Não é real, apenas tinha sonhado.

E enquanto dormias, eu te admirava,
Dando Graças por tudo não ter existido
A mão ao de leve no cabelo suave te passava
E estavas ali, não tinhas partido.

Anichando-me a ti, sentido o teu calor,
Ficávamos dois corpos unidos num só
E ao acordar faríamos Amor,
E o nosso mundo não seria apenas pó.

Sussurrava-te ao ouvido um "Amo-te" terno,
Murmurarias um "Muito", tão lindo e tão doce,
Faríamos juras de um Amor eterno,
E dormiríamos juntos como se nada fosse.

Ao saírmos de manhã, um "Amor, até logo!"
E a ausência forçada pela necessidade
E se a Deus peço, rezo e rogo
Que isto não fosse a realidade.

E à noite quando para casa voltasse,
Ali estarias serena, ouvindo a minha história
Quem me dera que o mais que ficasse,
Tivesse sido a mulher, não a sua memória

A vida sorriria para nós,
Guiando-nos na noite, aquela estrela
Não sentiria jamais a falta da tua voz
Tão linda, tão doce, tão bela.

Nem dos olhos meigos, tão gentis
Nem do corpo quente, que seduz
Nem do brilho que irradias quando sorris,
Não viveria no escuro, sem a tua luz.

E lá seguiriamos lado a lado,
De mão dada percorrendo o trilho,
Bafejados pela sorte com o tão desejado,
Fruto do nosso Amor, nosso Filho.

E por mais rápido que o tempo passe,
Prescuto pela janela o negro vazio das ruas
O Amor que te tinha em água feito corre na face
Escuto, imóvel, no silêncio palavras tuas.

E por culpa de uma insensata aventura,
Fiquei longe dos quentes lábios teus
O coração despedaçado agonizando, na tortura
Porquê tão grande para mim tal castigo de Deus????

E aqui fica pela última vez o que por ti sentia
Acabaram as palavras, nem uma linha ou um grito
E se de algo me vier a arrepender um dia,
Será por só Amor ter sentido e não to ter dito.

E se o Amor que te tinha me destrói,
E a ferida no coração ainda me arde,
O que de facto muito mais dói,
É saber que podíamos ter tido tudo, mas agora é tarde.

Por isso, Meu Amor, vou tratar de esquecer
O cabelo, o corpo, os olhos, os lábios teus,
Nem uma palavra triste voltará a nascer
De dentro de mim, dos lábios meus.

RIP