quarta-feira, março 30, 2005

Que vida...

Vagueio, perdido, sozinho,
Procuro encontrar de novo o caminho,
Que me leve entretanto porque não a esquecer,
Tudo o que tinha antes de começar a sofrer.
Percorro as ruas numa busca vã,
Andarei se for preciso toda a noite até nascer a manhã,
Vejo as caras, os risos, os escárnios,
E finjo que para mim não são dirigidos,
Continuo a andar nesta incessante procura,
Lançam-me pedras, piadas, assobios,
Dizem que com tudo isto roço os limites da loucura,
Entro num beco, talvez sem saída,
Tento matar ali uma e nascer noutra vida.
Procuro dar-lhe a volta iniciá-la de todo,
Mas quanto mais tento mais me enterro no lodo.
Um grito mudo por uma mão amiga, uma ajuda,
Mas de todos os que impávidos assistem,
Não há nenhum que se lance e me acuda.
E ali continuo numa luta brutal
E vejo o passado passar pelos olhos,
Dou comigo então a pensar:
Para quê resistir afinal??
E entrego-me sereno nas mãos hábeis do Criador
E nem uma lágrima por espanto se solta,
Baixinho, apenas lhe peço um favor
Que a vida me leve ou lhe dê uma volta.