terça-feira, maio 31, 2005

Novo Mundo...

Terá perdido a vida todo o sentido??
Haverá razão alguma naquilo que faço??
Porque será que me sinto tão perdido??
Valerão de algo as tormentas por que passo??

Estarei morto por dentro sem saber??
Terei hipotecado a minha solitária alma?
Nem adianta ouvir o Mundo dizer:
"Aguenta firme, tens que ter calma"

E suporto nos ombros, tudo muito a custo,
Sozinho, partido, momento após momento,
E pergunto-me, se Deus é assim tão justo,
Quem foi que me fez o julgamento??

Fui envolvido sem querer nesta ignóbil trama,
Tudo foi feito sem me consultarem, à revelia
Finjo que sorrio, escondo a lágrima que derrama
Assim passo todas as horas do meu dia...

E do Homem que eu era, não resta quase nada
Morri na alma, no espirito, estou igual só por fora
Ao entrar em casa, acendo a luz apagada,
Às vezes, inconsciente, procuro quem já não mora.

Mas depressa apreendo, regresso ao real,
Olho em volta, compreendo, respiro fundo
Constato que na minha vida tudo mudou afinal,
E que este agora é que é de facto o meu Mundo.

terça-feira, maio 24, 2005

Aos anónimos comentadores...

Criei há algum tempo este blogue,
Onde o que me vai na alma venho "postar",
Tem dias que até fico marado, fico grogue,
Ao ler os comentários que cá vêem deixar.

E passam reais eternidades tão calados,
Escondidos, repensando o que vão dizer,
Mas se se toca no "assunto", ai que assanhados,
Reúnem-se para decidir o que cá vão escrever.

Felizmente por aqui não podem falar,
Senão só se ouviriam, zurros e berros,
Mas percebe-se que quem está a comentar
Até pode ser Dr., mas dá tantos erros...

E nem sequer pensam usar um pseudónimo,
Com medo, mandam as pedras por cima do muro,
Usam sempre a coragem de um anónimo,
"Ele não sabe quem sou", assim é mais seguro.

E debitam opiniões numa causa perdida,
Fazem da "criminosa" uma coitadinha,
Como dizia a minha avó, "cuida da tua vida"
Não te esqueças que uma nunca quer ser sozinha.

E ser corno nem sequer é assim tão mau,
Descobri que isto tinha grão na asa,
Mas cuidado, amigo comentador, põe-te a pau,
Hoje fui eu, amanhã pode ser na tua casa.

E tudo o que me aconteceu, sei que não mereço
Por isso me despeço de ti, quem quer que sejas,
Rezarei por ti à noite e a Deus eu cá peço,
Que Ele te dê o triplo do que para mim desejas.

segunda-feira, maio 16, 2005

Tudo tem solução...

Não sou uma vítima, um mártir
Não pertenço sequer ao lote dos santos,
Não tenho extensas mágoas para carpir,
Não irrompo por nada em fúteis prantos.

Mas se o que em mim nasce, se desenvolve
Se mais uma equação se adiciona ao teorema,
Com afinco nela me debruço, logo se resolve
Faço tábua rasa imediata do pseudo-problema.

E quanto mais luta dão, mais força lhe dedico
Enfrentando-os com suor na directa proporção,
Quanto mais difíceis de solucionar, mais me aplico
Descanso raramente na busca da sua solução.

E se é nos outros que é nado ou se o provocam,
Tento ignorá-lo sempre, passar à frente,
Mas se é na honra ou nos meus que tocam,
Faço trapezismo em cada neurónio da mente.

E invento poções mágicas, na cabeça tudo dança
Faço suposições, planos a qualquer hora do dia
Não perco um segundo, engendro de pronto a vingança,
Arrefeço-a primeiro, depois sirvo-a muito fria.

E quando lhes entrego esse embrulho misterioso
Deleito-me a vê-los em agitado sobressalto,
Sento-me, fumo um cigarro, fico orgulhoso
De entre bafuradas de fumo, vou rindo alto.

quarta-feira, maio 11, 2005

V. decide partir...(à fã de Paulo Coelho)

As voltas que o Mundo dá,
Deixam-me às vezes sem perceber,
Mesmo quando à minha frente está,
E nem assim consigo ver.

Parece que sempre te conheci,
Que fazias parte da minha vida,
Mas logo então me apercebi,
Que já estavas também de partida.

E tanto te tinha para dizer,
Para te poder dar e fazer sorrir,
Tentando sempre de ti esconder,
Que não me queria despedir.

Não nos quisemos talvez magoar,
E entre nós criou-se um muro,
Quem sabe nos voltemos a encontrar,
Lá mais à frente, no futuro...

O tempo, tão curto, tão escasso,
O relógio contra nós a correr,
Talvez seja por isso que faço,
Com que cada segundo conte a valer.

Por sermos tão sensíveis à dor,
Cada palavra dita é bem medida,
Mas trouxeste um novo sabor,
Ao bolo de emoções da minha vida.

E quando partiste, sozinho chorei,
Que nunca viesse mal-fadado dia,
Fi-lo porque desde logo reparei,
Que um Spiritus Geminus partia.

Se não te disse tudo, lamento.
Mas muito pouco havia a fazer,
Há-de vir talvez o momento,
Para que fiques então a saber.

E o que Deus nos tira,
Mais tarde, Ele nos oferece...
A sorte, mesmo má, também vira,
Mais te faria, se pudesse...

Mas tudo se cura, menos a morte
Por isso as lágrimas vou secar,
Um dia terei mais sorte,
Nesse dia vou-te encontrar.

Agora só me resta esperar,
Que chegue tão ansiado momento,
Serve apenas para me consolar,
Ficar contigo no pensamento.

E se por magia tudo mudasse,
E se realizassem meus desejos,
Talvez de outra forma te mandasse,
As grandes montanhas de beijos...

Poderia continuar ad eternum a escrever,
Mas prefiro calar-me agora por aqui,
O que mais tiver que dizer...
Dir-te-ei ao ouvido, baixinho e só a ti!

quinta-feira, maio 05, 2005

Metamorfose. Anjo a demónio!!!!!!!

Acho que chegaste ao cúmulo,
Que mais te posso eu dizer,
Perdeste a honra, o escrúpulo,
Tornaste-te um bicho horrível de se ver.

Sim, dei-te sem mais nada o divórcio,
Sou um Homem de palavra, de Bem,
Agora, vives no sofisma do negócio,
Mostraste pertencer ao pior do que a terra tem.

Mas que queres tu no meio disto afinal?
Não basta teres-me tentado acabar com a vida?
Não te lembrarás que antes do nó matrimonial,
Não tinhas por aqui uma pataca investida?

Não te chegará teres-me derrubado ao chão?
Não te chegará teres sido vil e viperina??
Não te chegará teres cravado um punhal à traição?
Enquanto enganavas o mundo, com essa cara de menina?

E teres destruido tudo o que eu tinha,
Todos os sonhos, os projectos, os planos,
Rastejando entre as pedras, cobra mesquinha,
Acabando num ápice, o que a construir levou anos.

Mas tens o rótulo colado, infame traidora!!
Não erigirás como eu a cabeça entre multidões,
Teu cérebro ( se o tens) qual caixa registadora,
No pensamento ridiculo, só se ouvem cifrões.

E apareces-me de noite, em sonhos do passado,
Custa-me por vezes à noite por fim adormecer,
Mas aqui te prometo que quando tudo houver findado,
Contarei ao Mundo aquilo que me querias fazer.

Até lá, podes continuar dizer que não presto,
A tirar de mim, não há nada que me zangue,
Porque lá no fundo sabes que tudo o resto,
É meu, paguei, com lágrimas, suor e sangue.