segunda-feira, maio 16, 2005

Tudo tem solução...

Não sou uma vítima, um mártir
Não pertenço sequer ao lote dos santos,
Não tenho extensas mágoas para carpir,
Não irrompo por nada em fúteis prantos.

Mas se o que em mim nasce, se desenvolve
Se mais uma equação se adiciona ao teorema,
Com afinco nela me debruço, logo se resolve
Faço tábua rasa imediata do pseudo-problema.

E quanto mais luta dão, mais força lhe dedico
Enfrentando-os com suor na directa proporção,
Quanto mais difíceis de solucionar, mais me aplico
Descanso raramente na busca da sua solução.

E se é nos outros que é nado ou se o provocam,
Tento ignorá-lo sempre, passar à frente,
Mas se é na honra ou nos meus que tocam,
Faço trapezismo em cada neurónio da mente.

E invento poções mágicas, na cabeça tudo dança
Faço suposições, planos a qualquer hora do dia
Não perco um segundo, engendro de pronto a vingança,
Arrefeço-a primeiro, depois sirvo-a muito fria.

E quando lhes entrego esse embrulho misterioso
Deleito-me a vê-los em agitado sobressalto,
Sento-me, fumo um cigarro, fico orgulhoso
De entre bafuradas de fumo, vou rindo alto.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Miguel

Desconhecia, de todo, a veia poética para a rima e poesia.... estive a ler por alto e fica aqui a maior força !

Abraços amorenses

sexta-feira, maio 20, 2005 11:07:00 da manhã  

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