terça-feira, abril 12, 2005

Ao meu Anjo da Guarda

Continuo a chorar, mesmo agora,
O teu tão malfadado destino,
Não percebo porque te foste embora,
Era eu ainda tão pequenino.

Vou tentar honrar aqui essa história,
Com os meus queridos papel e caneta,
Falando da minha vizinha Vitória,
Da querida Dora e do amigo Maneta.

Em menino me acarinharam,
Como se fosse um dos vossos,
E tantas horas e dias passaram,
Momentos lindos, que são só nossos.

Relembro as pegas, as touradas,
O quanto a memória me traz,
Das noites mágicas, madrugadas,
Das farpas cravadas nos sofás.

Relembro brincar ao apanha,
Do forcadinho que figurão fazia,
Das viagens à Malarranha,
Das galinhas de que fugia.

E os tormentos que passaste,
Tão jovem, tão terna, boa, bonita,
Relembro as vezes em que me levaste,
A casa da amiga Ti Rita.

Sem ter sequer como perceber,
Porque chorava a tua maravilhosa mãe,
Sei agora que o teu imenso sofrer,
Me faz chorar, a mim tanto também.

Ainda hoje muito me espanta,
Ouvir contar que me tinhas tal Amor,
Sinto um lamento apertar-me na garganta,
Por não ter podido conhecer-te melhor.

E quando caíste frágil no hospital,
E os "bichos" sedentos te consumiam,
Lutavas com uma força enorme, brutal,
E prostavas-te serena, se teus olhos me viam.

Mas não me esqueço nunca de ti,
Ocupas um cantinho no meu coração,
É que mesmo longe ficaste aqui,
Junto com a tua mãe e o teu irmão.

Mas fica aqui já prometido em despedida,
Não temas, não há nada que preocupar,
Um ter-nos-ás junto a ti, Dora querida,
O tempo perdido então vamos recuperar.

E enquanto esse dia não chegar,
Resta-nos aquilo que foi vivido,
Que viva muito para poder contar,
O prazer que foi ter-te conhecido.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Tenho a certeza que, onde quer que esteja te AMA mais do que alguma pessoa te amou, sem ser os teus pais, claro.

quinta-feira, abril 14, 2005 11:26:00 da manhã  

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