quarta-feira, junho 01, 2005

Morreu a Solidão...

Sento-me, sinto a brisa acariciar-me a cara,
Observo telhados imperfeitos rasgando ao fundo o céu,
Penso, reconstruo mentalmente cada passo que dei,
Nem sempre foi assim, já fui feliz em tempos bem sei,
Já vivi na ilusão que me cobria por inteiro, como um véu
Sem ver nos outros os sinais em que toda a gente repara.

Vejo as nuvens acumularem-se prometendo trovoada,
As pessoas correm, abrigando-se fugindo rapidamente da rua,
Mas não me atemorizo,continuo sentado, sossegado...
E caiem as primeiras pérolas de chuva por todo o lado,
Avanço para ela, sorrindo, para que me lave a alma, escura e nua
A roupa agora pesa, escondo entre as gotas, lágrimas na cara molhada

E o relâmpago que rasga furioso, seguido dum estridente trovão
Faz circular mais depressa o sangue, inunda-me de adrenalina
Rodopio, apetece-me abrir asas e voar, partir daqui rápido
Alucino, quase que "tripo" sem tomar nenhum ácido
Na insana loucura, cometo homicídio, matei a menina,
Nunca a tinha visto, sei só que o seu nome é "Solidão"...